Luz é o sonho efêmero da Escuridão


31 de jul. de 2009

Besta Fera


A pele coberta de sujeira, os pelos grudados de imundície. Os espaços entre as veias negros como as trevas do espaço exterior. A alma dividida em duas, quebrada em dezenas de pequenas criaturas raivosas, preguiçosas, ambiciosas, arrependidas, famintas. Famintas de vida; dos outros, não da própria.

Afinal, que animal come sua própria cauda quando pode comer a de outros? Ouroboros? Melhor chamá-lo ilusão: os gritos da carne e do sangue é que são reais nesse mundo. E ele são meus, para caçar, para matar, para comer.

Sob o manto protetor da noite ou do dia, eu me arrasto coberto pelas sombras; meu métier é rapinar meus semelhantes e meu medo é ser rapinado por eles; minha vida é uma dança sobre o fio de uma navalha. Meu júbilo e meu pânico. Minha vida, minha morte. Minha morte.

Mas antes, virá a sua. Que devorarei crua, com uma gota de limão e uma pitada de sal.

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